Dança comigo?
Fabiano Cid
O relatório de um ocidental aprendendo sobre a maneira de pensar do Oriente
Certa vez, Willy Brandt comentou: “Se eu estiver vendendo alguma coisa para você, eu falo
a sua língua. Se estiver comprando, dann müssen Sie Deutsch sprechen.” Essa citação
serviu de epígrafe para diversos artigos de localização, entretanto, me parece que as
palavras do ex-Chanceler alemão somente respondem a uma parte da questão relacionada
aos nossos fornecedores, clientes em potencial e clientes do Extremo Oriente. Em um
mundo globalizado, e principalmente no setor de localização, você pode até falar o idioma
do cliente. Mas se for mais adiante e tentar entender de fato o pensamento asiático, você
certamente será capaz de negociar com os orientais de uma forma muito mais produtiva do
que outras pessoas que se vêem presas pela forma de pensar e agir dos ocidentais.
Depois de morar dois anos em Londres, retornei ao Rio de Janeiro em 1999 e tive a
oportunidade de visitar alguns países asiáticos. Fiquei deslumbrado com todos os lugares
que visitei e com todas as pessoas que conheci. Durante a minha permanência no Reino
Unido, tive a oportunidade de viajar pela Europa e pensei que já tinha me acostumado a
conviver com culturas diferentes. No entanto, a viagem pela Ásia me fez sentir como se
estivesse em um planeta totalmente diferente. Era óbvio que as pessoas que eu encontrava
podiam entender o que eu queria dizer e conseguíamos nos comunicar muito bem, mas
havia algo mais do que isso. A forma como me olhavam, como estruturavam o pensamento,
mesmo a organização de suas frases (escritas ou faladas) parecia tão diferente e peculiar
que só podia haver algo mais que eu não consegui compreender naquele momento.
Ao ler The Geography of Thought: How Asians and Westerners Think Differently... and Why
(sem tradução em português), de Richard Nisbett, encontrei uma explicação sólida e bem
documentada para minha percepção instintiva. O autor, um psicólogo ilustre, defende o
ponto de vista d