CONFERÊNCIA DE YALTA
Em 1991, foi ratificado pela maioria dos governos nacionais o Acordo
Constitutivo da Agenda Multilateral de Garantia aos Investimentos, promovido pelo
Banco Mundial. Em 1995, no âmbito da Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), reunindo os governos dos países centrais e dos
que até recentemente eram considerados os mais promissores "mercados emergentes"
(México e Coréia do Sul), começaram discretamente a serem negociados os termos do
assim chamado Acordo Multilateral sobre Investimentos (AMI ou, conforme a sigla em
inglês, MAI). Sob este nome, discute-se nada menos que a redistribuição do poder
mundial depois da queda da URSS, o equivalente no final do milênio do Tratado de
Tordesilhas de 1494, do Tratado de Westfália de 1648, do Congresso de Viena de
1815, do Tratado de Versalhes de 1918 e dos Acordos de Yalta de 1945. Não só pela
abrangência, mas também pelo modo como as decisões sobre os destinos do mundo
são tomadas dentro do círculo fechado dos vencedores, de forma completamente
ignorada pelo público e até pela maior parte dos meios políticos nacionais, para depois
serem apresentadas como fato consumado e irrevogável.
O público e o próprio Congresso norte-americano só começaram a tomar conhecimento
da existência e do teor do AMI a partir de abril/97, graças a denúncias de movimentos
norte-americanos de defesa do consumidor no âmbito das discussões sobre a
aprovação do fast track tendo em vista a proposta da Área de Livre Comércio das
Américas (ALCA). Ainda no final de 1997, quando as primeiras cópias da minuta do
acordo obtidas por movimentos populares estavam sendo disponibilizadas na Internet,
os porta-vozes do governo norte-americano negavam oficialmente a existência do
documento e o presidente da Comissão de Assuntos Exteriores do parlamento francês
afirmava ignorar o que estava sendo negociado, por quem e em nome de quem.
Em fevereiro/1998, foi publicado no periódico francês Le Monde Diplomatique um