A afirmação hodierna da realidade insular madeirense, não poderá ser reduzida a uma conquista
deste findar do século pois que é o corolário de todo um processo de labuta com mais de
quinhentos anos. Hoje, nós somos os lídimos usufrutuários deste quotidiano e cultura por que tão
afanosamente lutaram os nossos avoengos. Esta forma acabada, em permanente recriação, toma
corpo nas múltiplas conjunturas políticas e económicas que marcaram o devir do nosso processo
histórico. Ai um conjunto restrito de produtos agrícolas detêm uma função primordial, como
catalisadores da animação social e económica, ou definidores de uma diversa realidade societal.
Nos primeiros momentos de ocupação do solo, o vinho, o trigo, em primeiro lugar e, depois, o
açúcar, surgem ai como elementos aglutinadores dum quotidiano com inevitáveis implicações
políticas e urbanísticas. Os primeiros materializam a necessária garantia das condições de
subsistência e do ritual cristão, enquanto o ultimo encerra a ambição e voracidade mercantil da
nova burguesia atlantico-mediterranica, que fez da Madeira o principal pilar para afirmação na
economia atlântica e mundial.
O processo é irreversível de modo que em consonância com os movimentos económicos sucede-
se uma catadupa de produtos, com valor utilitário para a sociedade insular, ou com capacidade
adequada para activar as trocas com o mercado externo. Se na primeira fase o domínio pertenceu
à economia agrícola, no segundo, que se aproxima da nossa vivência, ele reparte-se em serviços
industrias artesanais (vimes e bordado) e de novo produtos agrícolas. O seu enquadramento e
afirmação económica não é pacífico, sendo feito de embates permanentes entre essa necessária
manutenção de subsistência e da animação comercial externa. Desse afrontamento resultou a
afirmação, num ou noutro momento, do produto que adquire maior pujança e numero de
defensores nessa dinâmica. É nesta luta permanente de produtos de uma subsistência familiar,
local e insular com os impostos pela permanente solic