Escritos de um louco
Antonin Artaud
Coletivo
SABOTAGEM
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Nota Biográfica
“Maldito”, marginalizado e incompreendido enquanto viveu, encarnação
máxima do gênio romântico, da imagem do artista iluminado e louco, Artaud
passou a ser reconhecido depois da sua morte um dos mais mercantes e
inovadores criadores do nosso século. Tudo o que, aos olhos dos seus
contemporâneos pareceu mero delírio e sintoma de loucura, agora é referência
obrigatória para as mais avançadas correntes de pensamento crítico e criação
artística nas suas várias manifestações: teatro, arte de vanguarda e criações
experimentais, manifestações coletivas e espontâneas, poesia, lingüística e
semiologia, psicanálise e antipsiquiatria, cultura e contracultura.
Antonin Marie-Joseph Artaud nasceu em Marselha a 4 de setembro de
1896, filho de um empresário de transportes marítimos e descendente de gregos
tanto pelo lado materno como paterno (a esposa do seu avô paterno que também
era tia da sua mãe). A influência familiar grega também é cultural, refletindo-se
na preferência de Artaud por nomes de sonoridade greco-oriental, inclusive nas
suas "glossolalias”, as seqüências de palavras sem sentido dos seus últimos
poemas. Outro tema constante na sua obra, a fascinação pelo incesto, também
teve a ver com seu ambiente familiar, inclusive a trágica e prematura morte da
sua irmã, Germaine, e seu relacionamento com um pai autoritário. (O incesto é
tema da sua peça Cenci e está presente em outros textos, como o elogio a Pity
She Is a Whore, de Ford, transcrito na presente edição, quanto ao
relacionamento com o pai, é mencionado no texto sobre Surrealismo e
Revolução, também incluído nesta antologia). Durante seu período de
internamento mais prolongado (1937/46), Artaud assinava cartas com o
sobrenome materno (Nalpas) e afirmava que sua irmã havia sido assassinada.
Desde criança, Artaud teve sérios problemas de saúde, inclusive
neurológicos. Con