EVOCAÇÃO DO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DOS ACADÉMICOS JOÃO CABRAL DO
NASCIMENTO E LUÍS VIEIRA DE CASTRO
ALBERTO VIEIRA
A Madeira viveu nas primeiras décadas da presente centúria momentos de grande fulgor
cultural e político. São várias figuras madeirenses, que assumiram notado destaque ao nível
regional e nacional. Foi uma geração ilustrada saída do ministério eclesiástico ou da
advocacia que veio enobrecer a ilha. Com eles e através das suas acções, no âmbito da
política, da cultura a Madeira ergueu bem alto o seu nome no panorama nacional. De entre
este grupo de ilustradas personalidades podemos destacar algumas que dividiram o seu tempo
de vida entre o combate político, a criação literária e a investigação histórica. Para eles os três
domínios expressavam-se apenas num só combate que foi a razão da sua acção. Todos eles
desde muito cedo manifestaram apetência pela criação literária e determinação para a luta e
debate político. A escrita foi para muitos a sua arma de combate e agitação política. A
imprensa, as compilações de crónicas e a literatura panfletária cumprem aqui um papel
fundamental.
Hoje ficamos apenas com duas dessas figuras que pertenceram à Academia Portuguesa de
História. São eles: João Cabral do Nascimento e Luís Vieira de Castro. Ambos se destacaram
a seu modo e deixaram o seu nome vinculado à agitação cultural ou política que varreu o país
no primeiro quartel da centúria que agora termina. A História, através do seu fascínio pela
descoberta dos factos ou a busca dos seus ensinamentos para o quotidiano e actividade
política, é o elo que os une dentro e fora da ilha. Um mais político, o outro mais literato e
agarrado à memória colectiva, acabaram por enriquecer o panorama cultural madeirense do
século XX.
É de salientar ainda as tertúlias literárias e políticas que nesta época animavam o dia à dia e
fazem de alguns cafés, como o Golden Gate, autênticos areópagos como foi a caso da célebre
Geração do Cenáculo. Esta agitação cola-se à do continente e quase todos a parti