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Comunicação e diversidade cultural na fronteira Brasil-Argentina 1
Roberta Brandalise2
Escola de Comunicações e Artes (ECA)/Universidade de São Paulo (USP)
Resumo
Surpreendemos como a ficção seriada brasileira contribui para a compreensão de identidades culturais
que se articulam na fronteira Brasil-Argentina. Compomos uma amostra qualitativa de 60 brasileiros e
argentinos -descendentes de etnias diversas e pertencentes ás camadas médias- a fim de entender como
o consumo cultural comum, principalmente de telenovelas brasileiras, participa das tensões entre essas
diferentes estruturas de significado. Em seguida, delimitamos 12 famílias, ás quais exibimos trechos da
minissérie A Casa das Sete Mulheres a fim de entender como gaúchos e gauchos se viram
representados na televisão. Construímos os dados com diário de campo, observação participante,
entrevista semi-estruturada e entrevista projetiva, proposta pela Antropologia Visual. Confirmamos
que há uma tendência de desregionalização naquela fronteira e que, nesse quadro, a ficção brasileira
aproxima brasileiros e argentinos, diferentemente do jornalismo produzido pelas redes nacionais.
Palavras-chave: mediações culturais; etnicidade; fronteira Brasil-Argentina; telenovela brasileira; A
Casa das Sete Mulheres.
Introdução
Na teia de significados tecida pelos sujeitos que vivem entre argentinidades e brasilidades; o
regionalismo; a diversidade étnica e outras mediações culturais (Martín-Barbero, 1987), a telenovela
brasileira e a minissérie A Casa das Sete Mulheres revelaram-se incorporadas ao cotidiano e ás
memórias de comunidades de fronteira que vivem entre-lugares (Bhabha, 2005). Ás margens do Rio
Uruguai, onde separam-se Brasil e Argentina, encontramos os habitantes das cidades de Urugua iana
(BR) e Paso de Los Libres (AR) consumindo as mesmas ficções seriadas. Essa condição tem haver
com a Globalização e a Localização, idéias perfiladas com o nosso tempo, de fato, estruturais. Lançar
o nosso olhar nessa direção implica