Mestre João Grande:
“Eu sou aventureiro, sou andarilho, gosto de andar pelo mundo”
“Eu sou a fruta madura
que cai do pé lentamente
Na queda larga a semente
Procura uma terra fresca
pra ser fruta novamente”.
(Bule-Bule)
Foi em 1990. Cheguei aqui neste ano e fiquei. Eu gostei daqui pelo seguinte, Deus
meu senhor que me trouxe para aqui, me botou aqui. A capoeira está crescendo aqui porque
antigamente não conheciam o que era a capoeira. Mestre Pastinha dizia: “Quem não
conhece a capoeira não sabe dar o valor que ela tem”. Não sabiam que era assim a capoeira.
Agora o pessoal está conhecendo o que é a capoeira verdadeira, aí pronto. A capoeira
verdadeira é uma coisa boa que o senhor faz. Mas tudo direito, com respeito para ver que
aquilo é bom e não negócio de bandalheira, de cachaçada, de coisa errada no meio. Gosto
de tudo certinho. Isso é capoeira verdadeira. Gosto de fazer capoeira como meu mestre
ensinou, eu faço tudo aqui como meu mestre me ensinou. Não faço nada errado, tudo que
eu faço aqui é do meu mestre, e tem muita coisa aqui criada por mim.
Criei muitos movimentos aqui, difíceis. Meu trabalho na capoeira é diferente de
todos os mestres, desde o Brasil que é assim. Já estava desenvolvido com três anos fazendo
capoeira, eu treinava para fazer diferente de todo mundo.
O jogo lá em Mestre Pastinha era diferente do daqui. Lá a gente treinava tocando
berimbau e fazendo o movimento. Eu que criei aqui essa coisa de ir e voltar, de colocar os
alunos em dupla pra fazer movimento. Porque tem muita gente aqui e se fizer em roda vai
demorar muito pra todo mundo jogar. Eu faço os movimentos para usar na roda. Porque
todos os movimentos que eu faço aqui é pra mostrar quando tiver jogando com outra
pessoa. Muitos esquecem.
Academia entra aluno todo dia aqui. Entra, faz aula, vai embora, volta de novo.
Tudo em português. Eu que ensino capoeira a eles, ensino a falar português também.
Nunca precisou falar inglês aqui. Risadinha mesmo, é inglesa, não