Loading ...
Global Do...
News & Politics
9
0
Try Now
Log In
Pricing
96 MÓVEIS DE VALOR 77 • JULHO 2008 Dotados de criatividade e capazes de apresentar soluções inova- doras com baixo custo e sem perder o foco na preservação ambiental, os profi ssionais brasileiros de design e desenvolvimento de produto vivenciam um novo momento, em que o mercado e o interesse do público parecem estar mais abertos ao seu trabalho. Uma prova está na realização, pela primeira vez este ano, da edição brasileira do IDEA – International Design Excellence Award, considerado o maior prêmio de design dos Estados Unidos e um dos mais impor- tantes e reputados do mundo, realizado desde 1980 pela Industrial Designers Society of America (IDSA). De acordo Joice Joppert Leal, coordenadora-geral do IDEA/Brasil e diretora-executiva da Associação Objeto Brasil, organizadora da versão brasileira do evento, o País têm diferenciais singulares, que foram determinantes para que fosse escolhido como o único a realizar o prêmio fora dos Estados Unidos. “Ainda que haja alguns fatores que atrapalhem o pleno desempenho do design brasileiro, como a barreira da língua, o design produzido no Brasil é cheio de criatividade e novas opções para o mercado e estes foram alguns dos motivos pelos quais o Brasil foi escolhido para representar o IDEA fora dos Estados Unidos”, O DESPERTAR PARA A CRIAÇÃO REFERÊNCIA NO MUNDO, O IDEA GANHA VERSÃO BRASILEIRA, SENDO UMA DAS VÁRIAS PREMIAÇÕES DE DESIGN QUE SE ESPALHAM PELO PAÍS diz a coordenadora. Ela res- salta a importância dos concursos e prêmios para o setor moveleiro. “É preciso que o design seja entendido como um in- vestimento estratégico inserido em um mercado cada vez mais aguerrido e globalizado. Este é o nosso objetivo. Ser uma vitrine mundial para o design brasi- leiro e, assim, permitir que sejamos o primeiro país sul-americano premiado no IDEA”. Para a premiação brasileira, realizada em 29 de maio em São Paulo (SP), foram inscritos cerca de 350 projetos. Os fi nalistas foram observados nos quesitos grau de inovação, benefícios ao usuá- rio, ao cliente, à sociedade e ao meio ambiente, elegância, harmonia formal e estética apropriada. “Foram destacados cerca de 60 produtos com nível internacional para concorrerem nos Estados Unidos, revelando o design de qualidade que se faz no Brasil”, informa Joice. “Os premiados re- ceberam troféus exclusivos, nas 18 categorias, em três níveis de excelência (ouro, prata e bronze). As criações moveleiras se encaixaram em quatro categorias – “Ambientes”, “Produtos para Casa”, “Produtos para Escritório” e “Projetos de Estu- dantes” – e foram premiados em duas delas. Na categoria “Produtos para Casa”, o Sistema Carra- pixxxo, projetado por Augusto Seibel, Camila Fix, Carlos Rutigliani, Felipe Rangel, Felippe Bicudo, Guto Indio da Costa, Paula Fiuza de Medeiros, DEPOIS DO PRÊMIO O que acontece com os móveis premiados nos concursos e premiações? De acordo com Giancarlo Latorraca, diretor-técnico do Museu da Casa Brasileira (MCB), “os produtos passam a ter um reconhecimento maior, e mais valor agregado, pois uma vez premiados garantem padrões de qualidade, dada a importância dos membros da comissão julgadora do prêmio recebido”. Para Ronaldo Duschenes, arquiteto, designer e diretor da Fle- xiv, fabricante de móveis para escritório, os concursos são dirigidos à procura de novas soluções em design e, ainda que seja baixa a produção industrial desses móveis, a partir do momento em que recebem a premiação, podem despertar o interesse do mercado. “Nós, da Flexiv, acreditamos em design e investimos na produção desses móveis devido ao aval sempre respeitado do júri, o que se torna um componente mercadológico bastante forte”, acredita Duschenes. “Nem sempre o produto premiado é um ganhador no mercado, mas sempre é um impulsionador da marca”. DESIGN 98 MÓVEIS DE VALOR 77 • JULHO 2008 PALAVRA “COM A PALAVR” Quais os impactos do maior número de concursos e premiações de design sobre o setor de móveis brasileiro? “O Brasil ainda é um país inci- piente quando tratamos da utilização do design pelas em- presas, sobretudo no caso das indústrias moveleiras, que sem- pre tiveram a cultura da cópia ou então de lançar um produto híbrido, vendo o design como custo e não como valor. O lado bom é que felizmente o panorama vem mudando, mas ainda temos um longo caminho a percorrer até o design se tornar uma questão estratégica para os moveleiros, em que falaremos não apenas em design, mas em gestão do design. Fora isso, é fato que o consumidor está mais exigente e, para comprar, quer produtos que ofereçam benefícios signifi cativos, e essa questão passa necessariamente pelo design”. Claudemir Flores, professor de design e coordenador da 1ª Mostra de Design dos pólos de Mirassol e Votuporanga Fotos: DivulgaçãoFomentadores do design “Em muitos concursos, ainda há a visão do design como o belo. É preciso desmistifi car o design e apresentá-lo como uma fer- ramenta estratégica para o sucesso das empresas que bus- cam racionalizar custos e au- mentar a competitividade. O setor de móveis do Brasil tem excelência em sua produção, há muitas décadas. É um dos setores mais avançados do País em quantidade e qualidade de produção. A partir do IDEA/Brasil, o setor pode apresentar sua excelência mundialmente, alcan- çando os grandes mercados consumidores e gerando oportunidades e negócios para todo o setor”. Joice Joppert Leal, coordenadora do IDEA/Brasil “Sem dúvida vivemos um mo- mento de grande reconheci- mento do design como instru- mento atuante na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Isso ocorre tanto por parte da indústria como dos consumido- res. Junto a estes fatores, deve- mos mencionar a proliferação das escolas de design e a recente descoberta do design brasileiro mundo afora. Para o setor de móveis, os maiores impactos podem ser observados no aumento da produtividade, na exigência do mercado e na res- ponsabilidade dos procedimentos de criação”. Giancarlo Latorraca, diretor-técnico do Museu da Casa Brasileira Pedro Nakazato e Indio da Costa Design, do Rio de Janeiro (RJ), fi cou em primeiro lugar, e os móveis Chaise Rippa, do designer Marcus Ferreira, de São Paulo (SP), e Banco Goma, da designer Renata Martins Moura, de Joinville (SC), fi caram com a terceira posição. Já na categoria “Projeto de Estudantes”, a Mesa Ofício, dos designers Luiza Almeida Barros e Quentin Vaulut, da Universidade do Sul de Santa Catarina, foram os primeiros colocados. De idéia à realidade O trabalho de promoção e consolidação na área do design teve um marco em 1986, quando Roberto Duailibi, então diretor do Museu da Casa Brasileira (MCB), e Jorge da Cunha Lima, na época secretário de Estado da Cultura de São Paulo, criaram o primeiro prêmio de design realizado no Brasil – Prêmio Design Museu da Casa Brasileira. De acordo com Giancarlo Latorraca, diretor-técnico do MCB, ao longo dos anos o prêmio passou por várias mudanças. “A mais importante foi o entendimento de que o designer não atua de forma solitária e sim necessariamente vinculado à indústria. Ambos transformam a idéia em realidade. O resultado foi que se passou a premiar também as empresas produtoras”, comenta. Capital e interior A difusão de mostras, concursos e premiações em design e de- senvolvimento de produto não se limita às grandes capitais. No pólo moveleiro de Votuporanga, no interior de São Paulo, por exemplo, há três anos é realizado o Salão Votuporanga de Design. De acordo com Claudemir Flores, professor especialista em design e coordenador da 1ª Mostra de Design na cidade, a idéia da mostra surgiu dos tra- balhos dos alunos do curso técnico em Design de Móveis do Centro Tecnológico de Formação Profi ssional da Madeira e do Mobiliário de Votuporanga (Senai/Cemad). “O resultado foi que vários produtos expostos passaram a ser produzidos em série por empresas em que os alunos do Senai/Cemad estagiavam. Daí nasceu a idéia de criar tam- bém um concurso de design, de abrangência nacional, selecionando os produtos que participarão da 4ª Mostra de Design, realizada em julho paralelamente à Movinter 2008, em Mirassol (SP)”. A versão brasileira do IDEA premiou 18 categorias. O setor moveleiro participou de quatro. Na foto, Banco Goma, premiado com o troféu bronze em “Produtos para Casa” DESIGN Divulgação