EUCLIDES DA CUNHA
Escritor, ensaísta e jornalista fluminense (20/1/1866-15/8/1909). Euclides Rodrigues
Pimenta da Cunha nasce em Cantagalo. Órfão de mãe aos 3 anos, é criado por
parentes. Mora em várias cidades até se fixar no Rio de Janeiro. Ainda jovem adota
idéias abolicionistas e republicanas. Começa o curso de engenharia em 1885, mas
o abandona por falta de dinheiro. No ano seguinte ingressa na Escola Militar, de
ensino gratuito. Em protesto contra a repressão às manifestações republicanas, em
1888 joga o espadim de cadete aos pés do ministro da Guerra e é expulso da
escola. Readmitido no ano seguinte, após a proclamação da República, chega a
tenente, mas deixa o Exército em 1896 por motivos políticos. Muda-se para São
Paulo, onde recomeça o curso de engenharia e passa a escrever para o jornal A
Província de S.Paulo (atual O Estado de S.Paulo). Acompanha, no sertão baiano, o
movimento chefiado pelo beato Antônio Conselheiro no arraial de Canudos, e o
material recolhido é publicado no jornal e transformado no livro Os Sertões (1902),
um clássico da literatura latino-americana. Com a obra, o escritor ganha
reconhecimento nacional, sendo eleito para a Academia Brasileira de Letras em
1903. É assassinado no Rio de Janeiro pelo amante de sua mulher, a quem tentara
matar.
Cunha, Euclides da, Os Sertões
(...)
"Terminara afinal a luta crudelíssima...
Mas o generais seguiam com dificuldades, rompendo pela massa tumultuária e
ruidosa, na direção da latada, quando, ao atingirem grande depósito de cal que a
defrontava, perceberam surpreendidos sobre as cabeças, zimbrando rijamente os
ares, as balas...
O combate continuava. Esvaziou-se, de repente, a praça.
Foi uma vassourada.
E volvendo de improviso às trincheiras, volvendo em corridas para os pontos
abrigados, agachados em todos os anteparos, esgueirando-se cosidos às barrancas
protetoras do rio, retransidos de espanto, tragando amargos desapontamentos,
singularmente menoscabados na iminência do triunfo